Glass skin: por que estamos tão obcecados pela pele de vidro?

postado em 23/01/2025

A mais recente obsessão de beleza – impulsionada pela Geração Z – é um rosto tão luminoso quanto o brilho de um reflexo. mas como conquistá-lo?

Estou escorregadia como uma lontra. Untada como um peru de Natal. Acabei de deixar uma marca em forma de rosto na minha fronha xadrez. Meu marido está me pedindo para não abraçá-lo, com medo de que eu faça o mesmo na camisa dele. Como cheguei a este ponto, um verdadeiro escorregador humano? Durante meu tempo escrevendo para a Vogue, experimentei muitas tendências de beleza, tanto modernas quanto clássicas. Mas nunca assumi uma tarefa com um foco tão acadêmico quanto essa: tentar entender a crescente obsessão pela pele lustrosa.

Nos últimos anos, a paixão da geração Z por uma pele que brilha, reluz e cintila recebeu muitos nomes: glazed-doughnut skin (marca registrada modelo Hailey Bieber), que é um pouco diferente da “pele de golfinho” (que utiliza micropartículas de glitter azul) e não deve ser confundida com a “pele de mel”, “pele de gelatina”, “pele de vampiro” ou “pele de celebridade”. A cloud skin (úmida sem ser reflexiva) não é a mesma coisa que cloudless skin (o que me parece ser simplesmente um eufemismo para pele perfeita). Algumas dessas tendências são sobre brilho, outras sobre cintilância, e há ainda as que se referem a um brilho natural que parece não envolver nenhum produto. Mas quer você prefira a glass skin (tendência importada da K-beauty que redefiniu nosso processo de cuidados com a pele) ou a “pele com status” (o nome fala por si), o denominador comum é claro: acabaram-se os dias de pele opaca.

Sempre tive uma teoria de que não importa o quanto nos transformemos com a idade, nunca conseguiremos nos livrar completamente da sombra das regras de beleza que nos perseguiram durante o ensino médio. Mesmo se nos posicionarmos contra, elas permanecem no nosso imaginário como fantasmas. Como uma millennial que está envelhecendo rapidamente, o visual almejado por todos quando eu era adolescente era o de uma pele impecável e polida. Aplicávamos muitas camadas de corretivo e base, de tal forma que era preciso uma lixadeira para detectar a textura natural da pele. Como uma adolescente com acne e uma “zona T” oleosa (obrigada, moça da Sephora em 2002, por me informar), me comprometi a uma rotina que deixasse meu rosto livre de oleosidade. Usava um produto da Proactiv antes de passar uma tonalidade pouco lisonjeira de base da CoverGirl, como se estivesse alisando uma parede. Brilhar (mesmo que um pouco) era uma humilhação que evitávamos. Óleo era uma palavra suja – literalmente.

Os membros da geração Z, no entanto, estão se libertando da tirania da maquiagem como um esconderijo. Embora haja muitos influenciadores de beleza fazendo coisas que me intrigam e confundem, uma variedade inspiradora de rostos jovens está celebrando as diferentes texturas de peles – inclusive suas “imperfeições”.

Embora a tendência da glass skin (vamos escolher esse nome para usá-lo até o final deste texto) tenha aumentado consideravelmente em popularidade desde sua importação por volta de 2017, ela atingiu um novo auge no início de 2024, quando a lendária maquiadora Pat McGrath assinou a beleza da Maison Margiela. O visual era bastante escorregadio, mas firme. Com cobertura e acabamento delicado, o look incendiou a internet, fazendo com que investigadores do TikTok tentassem desvendar como a beauty artist teria transformado seres humanos comuns em bonecas de porcelana. (Claro, no mundo de McGrath, onde a diversidade é um pilar da beleza, porcelana não significa branca, mas sim um acabamento que permite que modelos de qualquer tom pareçam brinquedos de criança).

McGrath há muito tempo é uma defensora da, como ela própria chama, “aliengelic skin”, uma luminosidade etérea que rejeita o visual hipercontornado visto nos últimos dez anos. Mas o momento viral da Margiela não foi, ela diz, simplesmente uma resposta a uma tendência. Na verdade, foi algo que passou “anos em construção”. “Eu sempre fui apaixonada por peles desde muito jovem, provavelmente porque minha mãe cuidava da pele dela de maneira incrível”, diz Pat McGrath. “Ela fazia uma maquiagem completa, que, na época, devido às limitações dos produtos, era muito mate. Depois de finalizada, ela se sentava em uma banheira quente. O vapor dava à maquiagem um acabamento lindo e úmido.”

A visão de John Galliano para suas modelos na Margiela, que, segundo McGrath, estava “profundamente enraizada no fascínio que as bonecas de porcelana dos anos 30 causavam”, deu a ela a chance de “se desafiar” – e foi o que fez. O resultado foi algo tão fresco e cativante que as redes sociais foram inundadas com imitadores – em sua maioria, pouco convincentes. (Pat ganhou o título de Dama pelo governo do Reino Unido por um motivo, pessoal.)

Então, como McGrath aconselharia alguém mais velha, como eu, que ainda lida com erupções e manchas no rosto com a mesma ansiedade que sentia no colégio, a apostar na tendência? “A glass skin funciona em qualquer tom, gênero e tipo de pele”, insiste. “Para aqueles que acham que não conseguem alcançar o visual porque não se sentem confiantes em relação à sua pele, eu os lembraria que a beleza é sobre realçar suas características únicas, e não sobre se conformar a um ideal.”

Com esse conselho devidamente anotado, busquei entender quais são os truques por trás desse visual. Como é o skincare que permite que as divas pop e influenciadoras saiam de casa com o rosto completamente radiante? Pedi ajuda ao dermatologista David Kim, da clínica Idriss Dermatology, em Nova York, conhecido por oferecer cuidados de ponta sem complicar demais as coisas. “Por favor”, implorei, “explique de forma simples para aqueles de nós que sempre confiaram em esfoliantes agressivos, séruns que ardem e evitavam óleos enquanto passavam pasta de dente nas espinhas.” Ele deu o caminho das pedras: “Para parecer verdadeiramente radiante e brilhante, sua pele precisa estar macia e saudável. E é possível alcançar esse resultado com boas marcas vendidas em farmácia” – um lembrete de que você pode parecer um donut sem precisar de um orçamento de caviar. Os passos são os seguintes: sabonete suave, sérum de hidratação, um hidratante leve à noite e “protetor solar, protetor solar e protetor solar”. Complete com uma esfoliação uma vez por semana.

Portanto, conseguir uma “pele com status” não precisa significar trabalhar com o orçamento de status. Mas e se o doutor Kim fosse recomendar um tratamento que provavelmente transformasse pele opaca em brilhante – como a de um golfinho? A resposta seria “aplicar toxina botulínica muito diluída”. Ou seja, doses diluídas de Botox “por todo o rosto, incluindo na testa, bochechas e lábios superiores, a cada três meses”. Esse tratamento, também chamado de “microBotox”, é comum na Coreia do Sul para dar viço ao rosto. O local, afinal, é o berço da glass skin.

Com medo de agulhas e com a habilidade de uma criança de 4 anos para aplicar maquiagem, decidi que era hora de sujar as mãos. Não apenas as sujei, mas deixei-as tão escorregadias que os pincéis de maquiagem caíam e eu não conseguia usar corretamente o meu iPhone. Enquanto mergulhava em uma caixa de produtos para iluminar a pele, decidi colocar cada um deles à prova de uma maneira muito específica. Eu me sinto eu mesma quando os uso? Posso dar um abraço sem deixar marcas? E, por fim, pareço apropriada para a minha idade, ou estou transmitindo a energia de “I’m not a regular mom, I’m a cool mom” como a mãe de Regina George no filme Meninas Malvadas?

Comecei de forma descuidada com os iluminadores da Victoria Beckham. Fiz uma bagunça com uma paleta de blush da Chanel. Experimentei La Mer pela primeira vez e fiquei realmente irritada ao descobrir que um pote de creme facial que custa quase R$ 2.000, de fato, me rendeu uma enxurrada de elogios ao revitalizar minha pele.

Assistindo à minha influenciadora de beleza favorita, Janelle Zharmenova, a.k.a. @janelthebear no TikTok, tentando recriar a mágica da Margiela, rapidamente concluí que não cobriria as minhas sobrancelhas, duramente conquistadas, com a base Forever Skin Glow, da Dior, não importa o quão lindamente ela deslizasse pela pele.

Tudo o que via era uma bagunça de texturas e tonalidades, até que encontrei o produto que pareceu fazer minha pele cantar: a loção realçadora de brilho Lumi Glotion, da L’Oréal Paris, um primer hidratante com uma iridescência quase 3D. Depois que meu rosto absorveu o produto, passei um pouco do iluminador líquido Forever Glow Maximizer, da Dior, nas minhas bochechas, pálpebras e na ponta do nariz. E, então, a estrela: o Météorites, da Guerlain, um pote esmaltado com bolinhas em tons pastel de pó cristalino, que eu apliquei sob os olhos e na área acima do lábio. Terminei o look com um pouco de gel para sobrancelhas, um contorno labial nude da Charlotte Tilbury e o hidratante labial da Carmex. (Você pode tirar a garota da farmácia, mas não pode tirar a farmácia da garota.)

Ao abrir mão da base em favor de uma hidratação profunda e destacar o brilho natural das minhas bochechas – ouso dizer que –, brilhei. Estava desfilando para a minha próxima reunião no Zoom como a própria rainha da pele angelical, que na minha humilde opinião é a cantora Sabrina Carpenter. “Olá, pessoal. Meu nome é Lena Dunham, e eu sou uma alienígena golfinho vampiro nuvem.” E se alguém achou que viu uma espinha no meu rosto? Não vou negar. Mas o que é uma espinha quando se está brilhando tão intensamente?

Fonte: VOGUE

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